5.7.10

last day at neverland.



mission accomplished.
Esta não é a melhor terra do mundo, não tem as melhores pessoas, e está muito longe de ser um ponto de referência em qualquer mapa geográfico.
Mas foi aqui, foi sempre isto. Foi este chão que me viu esfolar os joelhos e subir às árvores, foi aqui que comi figos ao entardecer, foi aqui que dormi nos primeiros anos de vida. E todas as minhas memórias, boas e más, se resumem à Casa que me vê partir e chegar tantas vezes.


À onze noites arrastei-me miseravelmente até cá, na esperança de recompor de novo todos os pedaços que me faltavam. esta noite, depois de onze noites, sou a mais valiosa porcelana da china. Não valho nada, mas o meu valor é inquestionável. Uma árvore não explica os seus frutos, embora goste que lhos comam, dizia Torga.


Eu digo, até amanhã Casa. E na mochila que trouxe com os vestidos, os livros e os ténis rotos, levo agora a terra do nunca toda lá dentro, com o Peter Pan, o Capitão Gancho, o barco que voa e os miúdos perdidos. Levo na mochila o rio da minha terra, porque a minha terra tem rio, levo o que está do outro lado, levo o bar da praia e a praia, e a bicicleta, e a montanha, e todos os espíritos selvagens que deliciosamente me preencheram a alma.


Até amanhã, porque os amanhãs são sempre novos dias. E os pássaros voam, sempre.





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