24.9.10

Cartas a C. II


Não te venhas despedir de mim, bem sabemos que nenhuma aguentaria a vileza de uma despedida assim. Não gosto dos adeus, do acenar a mão e do virar costas. Às vezes é bom, enrriquece, e faz crescer, mas quase sempre reflecte o abandono. Entende, que não te vou abandonar, até porque isto não será o virar de costas. Este é senão mais uma forma diferente de dizer "Olá, cá estou". O que acontecer daqui para a frente não será nunca um final, não é a partida, são os novos começos na fusão dos velhos fins. É perciso andar de olhos fechados, e tu bem sabes que sim, que é perciso deixarmos de ver para compreendermos o mundo. Estou cega.



Sempre me fascinaste, olho-te de fora para dentro desde que te conheço, e sempre desejei ter um pouco de ti. És tão própria. Embora ainda tenha algum receio que te partas, quase como se fosses uma qualquer boneca de colecção valiosa. És muito valiosa. Por isso, não venhas dizer-me adeus, não me digas adeus, não me acenes com a tua mão branca de menina, não derrames uma única lágrima, bem sabes como isso seria derradeiro para mim, uma palavra e a minha coragem dissipar-se-ia com a atmosfera citadina desta minha cidade antiga.

E tu que sempre adoraste andorinhas, e eu a ir com elas. Devo-te muita coisa, devo-te muitos bons momentos, muitas boas conversas.
Devo-te uma muito boa amizade.



Cresceste é certo, estás maior, mas lembro-me de já te ter dito isto outrora; estás grande. Fico muito safisteita com o teu resultado, com o que resultaste desses teus, ainda míseros, dezanove anos. Ficarei mais, à medida do passar dos dias. Sei, quase como certeza universal que faças o que fizeres não sairás mal. Tenho, quase, inteira fé em ti.

Espero que saibas, que o caminho nem sempre será fácil, para nenhuma de nós, mas o valor está na forma como contornamos o caminho, e a beleza que retiraremos disso.
Principalmente, nunca desistas. "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena", valerá sempre a pena, sempre valerá a pena tudo.

Não digas adeus, diz olá. Tudo dependerá da prespectiva com que olhas para a situação. E sabes que os dias teimam em passar depressa não é?

Uma vez disseste-me algo que eu havia dito, "nunca mudes"; ""Nunca mudes mesmo", Carla."



Obrigada por muitas coisas,

mas obrigada principlamente por existires.


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