13.11.10


Ontem, em direcção a casa, surgiu uma conversa vaga sobre "o amor", assunto já batido e rebatido tantas vezes em tantas das minhas conversas. E, enquanto explicávamos teorias ou criticávamos algo ou alguma coisa, ela diz-me; mas ao menos tu já te apaixonaste. Bastou isto, para que eu caísse em mim, e me sentisse, apesar de todo o mal, ainda assim bem. Ao menos, eu já havia sentido, já havia vivido, e de facto, já havia sido muito feliz. E perante toda a amargura do meu ser depois dos tempos dourados, afinal, eles já haviam existido em mim, mesmo findados agora. Então pensei; quão trágica será, maior do que a infelicidade de se sentir na forma mais pura o fim de qualquer romance, a dor de nunca se ter sentido nada, e não se saber sequer o que é sentir, e o sentir daquela forma tão única e tão verdadeira. E ao aperceber-me disto apeteceu-me chorar, chorar por nós duas, e chorar por todos os desgraçados que se arrastam pelo mundo de coração partido e ao mesmo tempo chorar pelos que vagueiam com o coração hirto, e frio e parado. E ao aperceber-me disto, amaldiçoei esse traidor sentimento, por mim que o senti, e por ela que nunca o sentiu, e que não sabe sequer o que é ter borboletas no estômago, e isso sim, é cruel.

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