4.6.11

Acabo mesmo agora de ler o livro do J., à uma da manhã, acabo o livro do meu amigo J.. O livro que ele escreveu para se entender, e que serve para me entender, e talvez para todos os que o lerem se entenderem a eles mesmos. Dar-se-ia então, com e pelo livro do J., um entendimento geral das gerações do meu país. Pois às outras gerações, não sendo lusitanas, pouco entenderiam do que fala o livro do J., já que não entendem português. E eu, talvez, na minha loucura, continuo a achar o português a língua mais bonita do mundo. Claro que não me cabe sequer conhecer todas as línguas do mundo, porque não conheço, mas daquelas que me são próximas, a minha, será sem dúvida a mais valiosa. Não sei se me terei apercebido disto desde que me afastei da minha pátria, e se é somente o saudosismo que me embrenha, mas depois pergunto-me onde estará o Fernando Pessoa inglês, e francês, e alemão, e espanhol, e outra coisa qualquer? O Fernando Pessoa, não está em mais parte nenhuma, senão vivo na minha língua, nos livros da minha estante, na ponta da minha caneta. Quando aqui vou ao teatro, e por muito emotivo que seja, a minha emoção não se altera, não se move, não tem impulsos (será por se acharem bons demais?!), mas quando oiço nem que seja o meu amigo L. a ler o meu livro da Marta Rebelo até quase que me vêem as lágrimas aos olhos. Tenho para mim, agora após de ler o livro do J., de pensar no Pessoa, e de recordar o meu amigo L. a ler prosa, que serei uma eterna apaixonada pelo meu país. E isto não tem mais que ver com nada, a não ser com um qualquer saudosismo próprio da espécie lusitana, da qual, orgulhosamente, faço parte. A língua portuguesa (sem o acordo ortográfico) é a mais bela língua jamais conhecida. E nem preciso de conhecer muitas mais. Obviamente o francês no seu romantismo, fascina-me, o italiano na sua velocidade encanta-me de morte, e o espanhol estará sempre no coração. Mas o português, o português é um sentimento, é um amor... Sei lá, o português, é uma arte, de todos.

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