9.3.13

as minhas histórias #7

a maneira de chover é diferente quando estás num sítio estrangeiro. Aqui, agora, olho pelas duas janelas brancas de duplos vidros que abrem de baixo para cima por uma maneta e reparo nas gotas de água pequenas e inúteis que escorrem janelas abaixo. Olho mais ao longe e do outro lado do quadrado, casas vitorianas cor de cereja com telhados castanhos escuros criam um balanço perfeito entre o céu cinzento e a chuva que cai. À volta do quadrado onde vivo, o campo de futebol está completamente ensopado, vê-se verde, relva verde e ensopada desta água estrangeira que cai do céu. Mas daqui da janela deste quarto tudo isso me parece belo, as janelas de duplos vidros não deixam a água entrar, o aquecimento central confere-me um conforto quente a este momento e a alcatifa creme potencia a felicidade dos pés no meio desta história toda. Obviamente é um sábado perdido, com esta chuva não me aprove sair do ninho que esta casa de princesas me promove, obviamente não me levantarei hoje para ir ao supermercado nem para ver a loja dos vestidos bonitos. Obviamente ficarei aqui, deambulando-me pelos três andares desta casa grande, talvez beba chá, ou muitos chás ao longo do dia, talvez lave a roupa, talvez arrume o tocador, talvez faça o almoço, talvez escreva, ou talvez veja simplesmente a chuva a cair do alto desta casa de princesas, talvez pense como é bonito estar aqui.

1 comentário:

  1. "... talvez pense como é bonito estar aqui." - adorei. temos de aprender a valorizar todas as coisas boas que temos. este texto está bastante bonito.

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