23.8.13

Despeço-me de alguém, uma cara conhecida, um corpo, uma voz familiar, e não sei quando será a próxima vez que nos veremos. Em cada lugar do mundo, vou somando despedidas às pessoas com quem me cruzo, a quem vou dizendo adeus na incerteza de não saber se as voltarei a ver em breve, ou se as voltarei a ver de todo. A rapidez dos dias é tão fugaz, que o momento da despedida torna-se um segundo dolorosamente durador, capaz de dilacerar o mais firme dos corações. A incerteza dos reencontros, se é que os haverá, as lágrimas que ficam por chorar, os abraços que não se deram, e os beijos simples de até um dia, em dias que nunca hão de chegar, fazem comprimir o peito. Às vezes chegam, são bons, momentos de partilha em que em 15 minutos se contam as mais inquietantes aventuras de uma vida desapegada de bens, como é a da nossa juventude. Depois voltamos costas novamente, porque sabemos que o nosso lugar não é aquele, nem é o próximo, nem nenhum. Simples caminhantes de um mundo global e possível. Também somos possíveis. Viajar é fácil, vamos e voltamos com a rapidez impensável de outros tempos, mas ainda não nos foi possível estar em todos os sítios ao mesmo tempo. Ainda não inventámos como haveremos de estar ao lado de todas as pessoas a quem dizemos adeus na incerteza de um olá de novo. Um dia seremos unos, um dia estaremos em toda a parte, faremos tudo, seremos felizes e desprendidos... Mas hoje, somos apenas alguém, com os olhos postos no futuro, embalados pela incerteza da despedida.  

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