4.5.10

Serenata

E Lisboa cobriu-se de gentes levando em mãos as capas negras.
Envolvendo-os a emoção no corpo quente levando a chama acesa.

Guarda em ti, ó Cidade, o coração dos estudantes nas vielas,
Dos que trajam, dos que sofrem, dos que choram,
dos que gritam e se lamentam às janelas.

Por ti, Lisboa, estas vozes cantam
recordando outros tempos, outras eras.
As saudades, mais antigas que embalam,
quem não as teve, e quem as tem, e se envolve nelas.

Adeus Lisboa, a ti canto, cantei, cantámos.
Guarda-nos com as sortes do teu encanto,
recorda-nos neste tempo de maldade.
Só não nos leves o desejo a liberdade,
Só não nos dês lamúrias nem o pranto.

Adeus, Cidade Encantada, foste minha,
de joelhos chorei com alegria à tua beira,
a minha capa, o meu corpo, toda'alma tinha
eu para te dar a vida inteira...

2 comentários:

  1. Pelo menos parece que a Serenata a Lisboa a ti diz-te algo mais do que à maioria.
    Fico contente por isso!

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