3.12.10

- Adormecer.
Adormecer tem sido um problema, tem sido um fracasso, tem sido uma incapacidade minha, já se somam as inúmeras noites em que não sou bem sucedida no acto, de, adormecer. E depois vagueio-me por aqui, na esperança de encontrar alguma novidade que me preencha o vazio, alguma conversa que me saiba reconfortar o espírito, ou alguma mensagem sequer. Mas acabo por não encontrar nada. E na mesma não adormenço. Tem sido árduo, muito. Não tenho viajado, não tenho saído, não tenho convivido, não tenho falado, não tenho visto. Tenho-me limitado ao trabalho a que me impõem e pouco mais que isso, e já o pouco que é isto me põe completamente de rastos. Falta uma semana. Falta um fim de semana de 48 horas de 40 horas de trabalho e depois poderei adormecer. Falta tanta coisa ainda, tanto texto, tanta pontuação, tanta palavra. Estou de rastos, estou vencida, estou sem energia, estou com sono, estou cansada, estou sem paciência. E as culturas são tão diferentes, e os alunos são tão energéticos que não sei onde irão buscar tanta energia e tanto gosto ao que fazem. Talvez eu também tivesse energia, se este fosse o meu país e o meu idioma, e não demorasse o dobro do tempo dos meus colegas a fazer os trabalhos e a ler mil vezes a mesma página para que não me escape nada. Talvez eu tivesse mais energia se ao fim do dia não ficasse completamente esgotada sem vontade sequer de fazer o jantar, talvez tivesse mais energia se o sol não se pusesse às duas da tarde, e se eu às duas da tarde ainda visse vida na rua, ou sentisse algum calor. Talvez tivesse mais energia se os graus não fossem negativos e eu não tivesse os pés sempre gelados, e se não ouvisse o meu pai a relembrar-me consecutivamente que não posso falhar. Talvez tivesse mais energia se não tivesse saudades da minha roupa, e das minhas malas, e dos meus sapatos, e dos meus ganchos do cabelo, que estão a dois mil quilómetros de mim. Talvez tivesse mais energia se houvesse cafés de máquina aqui e eu pudesse beber um com sabor a café real, e não uma qualquer água suja preta com leite lá dentro. Eu nem sequer gosto de leite! Talvez tivesse mais energia se conseguisse dormir mais, mas conseguir dormir mais, é uma vitória falhada no meu dia.

2 comentários:

  1. sabes o que é que sabe mesmo bem? é vir ao teu blog e ler as tuas palavras. se há motivo pelo qual valha a pena viver, é esse: ler-te. é tão magnifico que nem sei explicar. é bom. é óptimo. sabe mesmo bem ler-te.
    sabes o que é que te falta para teres energia? dos portugueses e de todos os defeitos que eles têm! falta-te a língua portuguesa, e aquelas conversas de rua mesmo à portuguesa. falta-te portugal. e falta-te o algarve, que não há nada como isto. e sabes o que me faz falta a mim? tu. o teu sorriso. os teus olhos. as tuas gargalhadas. fazes mesmo muita falta. faz faltar o teu abraço e as tuas palavras 'tudo vai ficar bem' ou 'atão put?'. faz falta tirar-te fotografias, sabes há quanto tempo é que não toco na máquina com gosto mesmo? nem eu sei. mas também está frio, não tanto como ai, claro. fazes-me falta. obrigada pelo sermão do outro dia, não, não resolvi as questões do futuro. mas resolvi as do passado, que eram as que me estavam a matar por dentro. és sempre tu que me abres com olhos. mesmo quando o teu objectivo é ajudar-me a resolver o futuro e eu tenha é resolvido o passado. mas o passado é importante para o futuro. obrigada inês. obrigada. eu amo-te, sabes? não te consigo explicar o quão importante és para mim. amo-te.

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  2. oh obrigada (:
    e gostei de ler isto. e vi agora ali em cima o nome da Cath Kidston e lembrei-me da pequena semana que este verão passei em inglaterra e da minha delícia numa loja dela.

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