vou-te contar uma coisa C, tava mesmo chateada, mas é que tava mesmo chateada contigo, mais que isso tava desiludida, o que nunca pensei que me acontecesse, não contigo. Desta vez bateu-me forte, foi um sentimento catastrófico que se apoderou de mim. Claro que nunca pensei que o fizesses, ou melhor, que o fizesses sem alguma razão, mas ainda assim custou-me o bastante para ficar ofendida, sim, foi isso que fiquei ofendida, ultrajada, imprestável. E foi mau, foi mesmo muito mau. Nem queria acreditar, que tu, não estavas ali, naquele dia, e não estavas, mas estavas, mas eu não te vi, não te senti perto, nem soube de nada. Hoje sei, acabei de saber mesmo agora, quando o postman bateu à porta. Soube ali naquele exacto momento de que não me havias esquecido, e que as tuas palavras se dirigiam a mim, desde aquele tempo em que eu só usava saias, e tu só usavas calças, e que agora tu não tens calças sequer e eu tenho a gaveta cheia delas. Com amor, I.
Querida I, ontem foi um dos piores dias da minha vida, só porque soube que poderia ter-te desiludido, que estavas triste comigo, chateada, custava-me respirar só de saber isso, e passei o dia todo mal, tudo correu mal, foi um dia estranho em que nada fazia sentido, depois pedi-te desculpa, e sabia que não ia servir de nada, desculpas são só isso 'desculpas', mas sabia que a minha carta ia a caminho... e com selo, porque eu amo-te. mesmo.
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