28.4.11

estou ao som de Regina Spektor e gosto. à parte disso, preenche-me o sossego da casa onde voltei; o vazio da cadeira onde me sento, o branco da casa onde me poiso. isto do mudar de país tem muito que se lhe diga e saber retirar disso todo o sumo também. lá no meu país tinha laranjas, aqui não tenho, mas tenho bagels e no meu país não. há sempre o lado reverso da moeda, tiram-me umas coisas, dão-me outras, ou, as que não me dão, tento eu apanha-las. Ora pois. Aqui tenho mais sossego (ganho no sossego); não há os amigos a telefonarem para cafés, nem para a baixa, nem para vinho tinto, (não há os amigos), ao invés, telefonam-me para acabar os trabalhos de teatro, e para reuniões sobre os direitos do aluno; bebo menos café, falo mais inglês. compensa. Ao menos acordei com sol e menos frio do que outrora, nada mau, e o meu quarto tá mais português, a mala da viagem ainda nem desfeita tá; não sou preguiçosa, estava só cansada. Ao menos aqui escrevo mais; tenho mais tempos mortos (ninguém me telefona para cafés). Mas depois quando tomar banho, embrenho o cabelo no champô do meu país, para recordar o cheiro do cabelo português, já que a língua ficou lá longe e isto é tudo estrangeiro.

2 comentários:

  1. tu "vives um sonho" que eu gostava de ter.
    COmo consigo? acho que sou uma eterna apaixonada, que teve a sorte de se apaixonar pela pessoa certa =)
    beijinhos *

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  2. os teus textos são sempre... nem sei. sabe tão bem lê-los :)

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