7.5.11

Minha querida,
se te escrevesse hoje uma carta, começaria assim:

Os sonhos acontecem, sabes? Acontecem, sim. Sempre. Se os desejares por dentro, do mais dentro de ti que possas alcançar; os sonhos acontecem. Se a tua cabeça não parar nem por um segundo de sonhar, se o teu corpo não parar de se mover, se tu não parares de acreditar; os sonhos acontecem, sempre. Às vezes pode ser até do universo, acredito. Mas tantas vezes é a nossa própria força do querer, deste querer tão grande, com todas as forças, que nos transcende, e nos transcende tanto. E se desejares com quanta força tens, e tens-la bastante, os teus sonhos, acontecem. Gostava muito de te dizer quando, minha pequenina, mas isso é algo que me é desconhecido. Às vezes, podem demorar anos, mas continua a acreditar com a toda a tua verdade, e verás que os sonhos não são só para os outros, eles estão ai todos, muito dentro de ti, muito senhores de si, muito teus. Manda-os cá para fora, fá-los voar e eles, asas ganharão. Minha querida, às vezes choras, e eu não te limpo as lágrimas, nunca te limpo as lágrimas, e tenho-te visto chorar tantas vezes, e as lágrimas caiem-te sempre cara a baixo sem que ninguém te as limpe. E isso transtorna-me o bastante. Porém, entendo que as tuas lágrimas têm que sarar as próprias feridas que criaste, que os outros te criaram, não lhes ligues, são cruéis. Os outros, conseguem ser por vezes muito cruéis. Não o sejas tu. Atenta sempre nos teus primeiros princípios, mesmo que te digam que estão mal, não estão, e principalmente nunca te desiludas a ti, antes de pensares desiludir os outros. Pois uma vez que te consigas desiludir a ti, os outros não terão já remédio nenhum. Minha querida, descobri há pouco que o sal do mundo é doce; e não deixa de requerer um certo engenho retirar o doce ao salgado, o qual tenho vindo a tentar desenvolver. Isto para dizer apenas uma coisa: Os sonhos acontecem, mesmo, se acreditares, primeiro em ti, depois neles.

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