27.5.11

Tenho os pés frios dentro das melissa que chegaram por encomenda ai há uns dias. Não é por ter os pés dentro das melissa que estão frios, é por estarem frios ainda que não estejam dentro de nada. A luz do candeeiro Jansjö do Ikea incide directamente no meu trabalho escrito nas folhas de papel a entregar Segunda. Passo-o agora a computador, com uma falta de vontade inimaginável. As palavras correm lentas no teclado, e prefiro vir escrever ao blogue. Uma vela acesa na mesa dos DVD's e um copo de vinho, com licor lá dentro ao lado do computador; bebo para saborear a vida portuguesa, e para me esquecer da dor que é escrever por obrigação. O quarto está um gelo, e o aquecimento ligado no cinco, nunca percebi este país. Quase Verão e cinco graus lá fora. Frio. Diz-se. O meu amigo M. vem-me falar, mostra-me um livro recente de alguém que foi à Índia. Pede-me para ler o comentário sobre o livro, fizera-o ele, leio-o, porque o M. me o pediu. Interessante. Fico com vontade de ler mais. De ler o livro. Peço ao M. que me o mande, por correio, chegará em breve. O M. concorda, mandar-mo-à. O J., colega meu da faculdade, também me mandou no outro dia um livro que escrevera, chegou depressa. Bom livro. Dói-me o ventre, as costas, a cabeça. Até a alma me dói. Mas sei que é só acabar de passar o trabalho, passar esta noite, e amanhã passará tudo. Ele vem-me buscar. Vamos a algum lado. Boa. Gosto de ir a algum lado. Quando não há planos, algum lado pode ser qualquer coisa, qualquer coisa agrada-me, essa noção de não ser nem uma coisa nem outra, agrada-me, sempre agradou. Sobre a minha cama, além de roupa enchuvalhada, tenho a capa do ederdon que a M. me deu, comprou-a no Ikea de França o ano passado, decidiu dar-ma, não gostava dela, fazia-lhe lembrar a velha universidade, más recordações. Acredito que foi em troca do casaco vermelho que lhe dei, tinha-me-o comprado a minha mãe em Espanha, lá pela altura do Natal, era bonito, mas assentava-me mal. E uma francesa sempre há-de precisar dum casaco vermelho, é um daqueles clichés que gosto sempre de imaginar, fiz-lhe juz. Melhor assim; ela sem uma capa de ederdon do Ikea francês que lhe trazia más recordações, e eu sem um casaco espanhol vermelho que me ficava largo nos ombros, ficámos as duas sem algo relativamente mau, para ficarmos com algo relativamente bom, ainda bem que os azares de uns são as alegrias dos outros, fora o mundo todo assim. O relógio dá as nove e qualquer coisa, oiço alguém na cozinha, volto ao trabalho.

4 comentários:

  1. Ohhh eu gostei tanto do teu blog. E quero segui-lo e não aparece o botão :/

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  2. não está a dar, o blogger está com um erro qualquer. Não aparece a caixa dos seguidores em nenhum blog.
    Não sei se me segues, mas se seguires eu vou manter contacto xD Amanhã, ou mais logo, volto a tentar.

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  3. há locais que são como escapes. onde podemos viver e crescer. aventurarmo-nos. mas nunca serão refúgios, pelo contrário, em certas horas serão-o bem desrefúgios. São-nos as palavras, os livros albergues de cinco assoalhadas. Sabem bem.

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