16.9.11

e se eu nunca mais voltar a escrever?!

hoje apercebi-me, finalmente, de algo: certas coisas nunca se perdoam. Não há volta. Nem muitas, nem poucas, nem nenhumas. é como comprar um vestido preto e tentar tingi-lo de outra cor qualquer, é em vão, o escuro já se apoderou do tecido e nenhuma outra cor volta a pegar ali. Como o alcatrão nas estradas, ali, depois de nós, nenhuma árvore volta a crescer. Como um copo que cai no chão e se estilhaça em bocadinhos muito muito pequeninos, colados, já de nada servem. Assim é, há coisas que nem voltam atrás, nem se fazem festinhas na cabeça por terem acontecido. Há coisas, que uma vez, tingidas, uma vez alcatroadas, uma vez partidas, não voltam a ter cor, nem a crescer árvores, nem a ser significativas. Não voltam ao que eram ponto final. O cabelo, corta-se mas cresce, as unhas pintam-se mas a tinta sai, as mãos secam, mas mete-se creme... Mas certas coisas, certas coisas nunca voltam atrás. Hoje, finalmente, apercebi-me que por melhor que a intenção fosse, ou seja, por mais que eu queira viver num mundo muito muito feliz, por mais que existam esforços para melhorar seja o que for, isto que eu tenho cá dentro, esta nódoa negra, este sangue pisado, espezinhado, moído, esquecido, enterrado, não volta a ser mais coisa nenhuma que não um sinal qualquer que nasce no corpo como quem apanha sol. Hoje, apercebi-me finalmente, que, certas coisas, não tem, nenhum tipo de desculpa, nem que a intenção da desculpa seja a melhor do mundo, há coisas, que não têm perdão nem mãozinhas pela cabeça. Hoje apercebi-me finalmente, que não vou, não posso, e não quero perdoar os pés que me pisaram os calos, há dores e dores.

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