12.1.12

Um dia conheci um panda que gostava do mar.



(já apaguei o início deste texto umas quatro vezes) e tal como à pouco a única coisa que me ocorre são duas palavras, que já foram ditas tantas e tantas vezes em tantas outras circunstâncias. Acho que é assim mesmo, a vida, faz-nos mudar de rumos, para sermos o que quisermos, ou melhor, para sermos o que queremos. É isso. Entrámos no caminho de «sermos o que queremos ser», podemos voltar para trás? Talvez não. Um escuteiro nunca volta para trás. Esta é uma decisão que custa, custa muito, custa principalmente quando a nossa vida girava à volta de uma fogueira que ilumina e aquece. E que iluminou e aqueceu tantas e tantas vezes. Mas que continua a iluminar e a aquecer, pois vive dentro de nós a chama acesa. Perdoar-me-hás o texto no plural, mas não consigo deixar de fazer destas duas saídas algo conjunto. Estas duas decisões que foram tão perto uma da outra e no entanto tiveram distâncias enormes. Nunca me imaginei a deixar um lenço de lado, nunca me imaginei e deixar as botas à porta mesmo que estejam sempre prontas para partir, como não consigo imaginar como será a vida depois da montanha. A Pochaontas perguntava «depois do rio o quê que vem?» depois do rio, não sei o que virá, mas teremos de impelir pela nossa própria canoa, e descobrir. Continuamos todos iguais, na mochila já não levamos o pão e a palavra, mas sim todas as noites de campo, todas as pessoas dessas noites, todas as nódoas negras, e quedas e abraços, e gargalhadas e lágrimas. Na mochila, levamos 10 e 14 anos disto que ainda assim parecem tão pouco, que parecem que tinham tanto mais para dar, como nós temos, e temos, mas por agora, as circunstâncias obrigam a ser um até já. Quem sabe um dia? Quem sabe outro dia não seja um dia diferente dos outros, quem sabe se também isto passará... Não deixo de ficar triste, por mim e por ti, por nós, mas não deixo de me alegrar com esta caminhada, nem sempre feita lado a lado, mas que nos ajudou a crescer tanto. Não deixo de sorri ao saber que dois espécimes tão diferentes alcançaram algo tão profundo. Não deixo de olhar aqui para o meu lado e ver um macaco de peluche com um lenço azul. Podia dizer muitas coisas, há tantas coisas para dizer, mas faltam-me as palavras. Hoje é sem dúvida um dia diferente dos outros, embora eu já soubesse, foi hoje que me apercebi do que acontecia de facto. O que levo daqui é que o mundo ficou um pouco melhor, não sei se o dos outros, mas o nosso, neste escutismo que nos deu os valores, os deveres, as boas-acções, a partilha, a chama, a mochila, a vara, as botas, a jangada, a montanha, o toten, mas principalmente, nos deu amor. Por isto, por tudo, «Boa Caça, Panda». 

4 comentários:

  1. tinha saudades de te ler, gostei tanto :)

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  2. Desafio-te, no meu blogue ;)

    http://ourlivestories.blogspot.com/2012/01/desafios.html

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  3. Grata fico eu por proporcionares tão bons textos aqui no teu cantinho :) e de certeza que me surpreenderás! Aguardo! Beijinhos

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  4. Estou a chorar que nem uma madalena, Maria Inês.
    Na minha mochila, levar-vos-ei às duas para onde quer que vá. Farão parte do caminho enquanto eu tiver forças para andar.

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