14.2.12

«amai-vos porra!» é no que penso, que o mundo é ridículo porque não nos amamos, mas depois, penso, que não posso amar aqueles que não amo.  Devíamos amar-nos todos, porra! Mas amar-mo-nos todos é muito trabalhoso; amar, dá trabalho. Não basta gostar, eu sei que gosto de muitas coisas, gosto de muitas coisas: olho para elas, um objecto, um animal, um vestido, e sinto uma empatia com eles, mas amar, é pior, são-nos requeridos cuidados demasiado requintados, demasiado desgastantes e actos demasiado corajosos, amar poderá ser um grande acto de coragem. Amar dá trabalho, requer empenho, esforço. "empenhai-vos a amar-vos, porra!", podia ser. Mas empenhar-mo-nos numa obrigação de nos amar-mos é ridículo. Como as cartas de amor também eram. E para amar é preciso coragem. Eu, não me sinto na capacidade de amar muita gente,  não creio reunir todas as qualidades de amante, não sou empenhada em prol do amor, não o cuido. Sou assim, como sou, quem posso culpar? Embora esta minha fraca virtude, sinto-me na qualidade de desamar um imenso número de gente. Tenho restringido o número de pessoas a amar, e aumentado o numero de "desamentes", e cada vez mais; pessoas que porventura já amei, mas que já não amo, ou que nunca amei sequer, nem tenciono ama-las, pessoas que não amo, sabe-se lá porquê. Nem penso que amar muita gente chegue a fazer bem, gasta-se demasiado em amar-se muita gente. Na verdade, não creio que o desamor seja necessariamente mau: less is more. Talvez não nos possamos amar todos, porra. Mas podemos amar muito, muitos poucos. O «amor» será para sempre isto, isto, aquilo, será sempre «uma coisa», «esta», «aquela», não importa, nunca ninguém terá uma resposta, eu também não tenho. Less is more, e o amor é isto e nada mais. Resumem a minha linha de pensamento. O amor nunca é less, será sempre more, e isto que é nunca se explicará. «amai-vos porra!» também creio não ser possível, «desamai-vos porra!» também não porque a gente não ama a gente toda. É um labirinto; o amor, é isto e nada mais. 

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