29.4.12

Por esta altura, há sempre uma nostalgia qualquer em mim. Não se controla. Sente-se, sofre-se um bocadinho, chora-se um bocadinho e depois, a vida continua. Ainda hoje não consigo explicar o arrepio na espinha que sinto quando chega esta altura. Arrepio esse que vive em mim muito antes da Universidade ter acontecido, é um arrepio que vive em mim desde que eu vivo em mim; que sei o que é viver em mim, dada a minha personalidade, paixões e emoções. Por esta altura, há sempre imensas coisas a serem ditas; porque por esta altura nos últimos anos, tem sempre acontecido alguma coisa de maior ou menor valor. Mas a altura em si, é já uma marca demasiado grande para ser colmatada com outra qualquer que saiba ferir também. 
É por esta altura, que um ano inteiro ganha significado, não para todos, mas para mim e, certamente para algumas almas inquietas por ai, certamente também. É por esta altura que eu choro, choro muito, por dentro, choro porque estou aqui, a construir um sonho e, choro porque esta cidade já viu chorar tantos outros como eu, e choro por eles também. É por esta altura que eu choro, aos amores perdidos, aos amores encontrados, aos amores esquecidos, aos amores vencidos, aos amores para sempre, aos amores. É por esta altura que eu choro, aos sonhos, aos sonhos ainda na cabeça, aos sonhos realizados, aos sonhos já acabados, aos sonhos guardados na gaveta, aos sonhos em rompante prontos a descambar. É por esta altura que eu choro, choro porque estou feliz, porque me faz feliz ver esta Lisboa, por esta altura, traçada de negro, de um negro forte, triste, a chorar. É por esta altura que eu choro, por estar nesta Lisboa, nesta Lisboa dos estudantes, dos melhores e dos piores, dos mais e dos menos, dos que choram e dos que riem, mas dos que sentem o mesmo arrepio na espinha. Esta Lisboa traçada a negro, que só acontece por esta altura, esta Lisboa que canta, que grita, que acolhe ou diz adeus, e quando diz adeus, um leve para-sempre nas capas pretas que já choraram tanto. E depois Lisboa chora, como eu choro, como os outros chorarão, e eu choro por mim, por estar aqui com este arrepio na espinha por sentir esta Lisboa cantada, sofrida, por ver os seus Estudantes que melhor ou pior, lhe traçam as capas negras, de um negro escuro belo, e as traçam a Lisboa, essa cidade que chora, que chora sempre por esta altura, mas que fica tão linda, pintada a preto, suor e lágrimas. É esta Lisboa que eu amo, aquela por quem choro, sempre por esta altura. 

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