7.5.12

eu gosto de ler, sempre gostei. Aposto que mesmo antes de ler, já gostava de livros. Foi algo que nunca falhou na minha família: o gosto à leitura. Gosto esse que me foi incutido muito cedo, mesmo antes de saber ler, abria livros, folheava-os, não importava se eram só de «palavras», não importava se não tinham desenhos, também gostava dos que tinham, mas, o que eu gostava mesmo era de «livros» na sua vertente orgânica e simples. Continuo a gostar deles como continuo a gostar de ler, embora, hoje em dia me chateei por «não ter tempo» de ler o que quero e por me obrigarem a «ler» livros que não fazem parte do meu gosto pessoal. Nada contra, devemos estar sempre abertos a novos tipos de informação e cultura, receptivos a todo o tipo de conhecimento que seja proveitoso, nas mais variadas áreas. Embora também acredite que num mundo tão imenso como é o da literatura, deverão haver diferentes caminhos por onde ir. Claro que isto tem tudo a ver com o meu estatuto universitário, não me queixaria se não fosse por isso. Não é de todo prejorativo, ao longo dos tempos universitários tenho tido a oportunidade de conhecer obras fantásticas, estudos maravilhosos, abordagens de assuntos de elevado nível, e a minha vida sem estes anos não faria de todo tanto sentido a nível intelectual, por isso, a faculdade é para mim, importante, é muito importante na verdade. E este pensamento também vem desde os tempos em que eu gostava de livros sem os saber ler. Foi algo que também me ensinaram, e bem. O conhecimento, seja qual for, é sempre importante. Fiquei com isso na cabeça. Não me esqueci, nem me esqueço, mas às vezes é cansativo; nunca serei detentora de todo o conhecimento, aliás, o conhecimento que eu tenho sobre as coisas, é mísero, independentemente de tudo o que leia, sei muito pouco dada a metafísica de tudo o que me rodeia, que sei eu sobre o que me rodeia? Sei no entanto que às vezes me chateia ler certas coisas: é uma questão de «tempo», desperdiço o meu tempo em algo que não me aprove ler, em prol de algo que me faria de facto sentido. Mais uma vez, com base no meu gosto pessoal, apenas e só. E se o «nosso tempo» é relativo e se o «livre-arbítrio» existe mesmo, qual é o sentido em ler coisas que acredito não me trazer entusiasmo, em prol daquelas que de facto me trariam, a nível académico claro? Acho que os problemas universitários, passam por aqui. Não somos livres enquanto estudantes, não somos livres enquanto seres pensantes, nem somos livres na escolha do conhecimento que queremos adquirir. Somos sujeitos a coisas que umas vezes são bastante favoráveis mas outras, são simplesmente medonhas e, perdemos tempo, perdemos imenso tempo, com tarefas académicas inúteis que servem só para a criação de um conjunto de dois números (não superior à conjugação de um dois e um zero) que aparecerão posteriormente numa folha de papel,  e isso definirá todo o nosso ser, catalogando-nos como bons, maus, medíocres, excelentes. Bullshit, como diriam os outros. Bullshit, porque o «amor» não se define por números, ou não se define de todo. 

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