4.3.10

dou-vos as minhas palavras, agora, façam delas o que quiserem.

hoje foi um bom dia pra ver o sol que brilhou no céu a tarde toda como se o dia estivesse bonito de verdade (não estava) as ruas da cidade encantada continuavam como sempre foram sempre lá como sempre e casas sempre casas com pessoas ou sem pessoas algumas até mesmo sem telhados a cidade deserta esconde-se nos bairros acima ou abaixo grandes ou pequenos sempre os mesmos passeios nas mesmas ruas com os carros constantemente diferentes e velozes nas estradas apinhadas de gente sem saber (nunca) para onde vão ou de onde vêem os condutores querem matar os peões que pisam os cães que se deitam na relva e a juventude concede à cidade um momento de beleza e sobe aos miradouros fazendo companhia a que já lá está e sempre esteve pombos e as gaivotas voam por cima das cabeças sempre audazes sempre certeiras eu queria ser uma gaivota as vans estão rotas as meias apodrecidas mas tanto umas como as outras afiguram a sua beleza mais pura imperfeição todas as camisas têm xadrez e botões isto não é bonito mas ninguém disse que as camisas eram bonitas o fumo dissipa-se na rua como uma qualquer metamorfose que ninguém vê ninguém conhece ninguém sabe mas todos sentem quem fuma é porque fuma quem não fuma é porque não fuma spray com o qual são as paredes pintadas pelos artistas que pintam paredes e tudo risos na tua alma e na minha na tua boca e na minha nos teus olhos e nos meus os cabelos doirados como a música dos cabelos doirados como a história dos cabelos doirados que nunca ninguém soube de que cor eram com os ganchos que prendem os cabelos todos os cabelos de todas as cabeças que vagueiam ou não vagueiam nunca dezanove o ímpar o belo o equilíbrio um numero num dia num corpo numas mãos maravilhoso até os vestidos da festa sempre a festa e sempre os mesmos vestidos ninguém muda ninguém quer mudar são apenas o que são e ponto final um par de calças rotas e um mundo pra descobrir umas orelhas furadas muito furadas pouco furadas não importa cada um tem as marcas que tem umas boas outras más cada um é um só as mãos singular seguram as outras que agarram nadas sempre tudos os pés descalços como se tivessem cinco anos não têm cinco anos mas é como se tivessem estão descalços o pescoço está frio e o lenço cobre-o arrepia-o e esgana-o alguém vai sufocar e esse alguém sou eu sufocar também é bom quando não é mau não é mau os lábios provaram o veneno sentiram a maçã vermelha e existiram quentes e inchados não aconteceu nada apenas um enorme sorriso vermelho da maçã ou do veneno isso no fundo não importa nada Dezoito é mais um número antes do que vem antes desse.

4 comentários:

  1. convite para seguir a história de Alice, lá no
    ... continuando assim....

    já começou !
    espero que goste

    bj
    teresa

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  2. continuo sempre a ler-te mesmo sem te comentar sabes disso não sabes? é interessante comentaste-me hoje a dizer que "é bom pensar nos outros" bem e eu ontem também pensei em ti :D pensei que: tenho de lhe comentar o blog que tenho lá ido e não tenho dito nada e tenho de lhe perguntar aquilo que ando à muito tempo para perguntar. E o que é perguntas tu , :b queria saber o que é que tu podes fazer de futuro com o teu curso mais especificamente? é que são áreas que me interessam :D

    beijinhosssss *.*

    p.s.- ADOREI O TEXTO! MESMO!
    p.s.2- à muito tempo que no fazia um p.s. -.-
    p.s.3- o texto do "ALLGARVE" sabes concordo plenamente contigo colocarem o L e uma merda e desculpa lá o termo, é que não percebo sinceramente qual é a piada -.-'

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  3. Este texto está tão inteligente, querida.
    Só via trocadilhos, gosto tanto de trocadilhos. "é bonito mas ninguém disse que as camisas eram bonitas" :)(Espero que seja suposto ver-se trocadilhos!)
    Sabes, não sei se a maquilhagem se foi embora. Mudaram muitas coisas mesmo.

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  4. Pois, foi isso que eu pensei. (em relação ao texto)
    Eu também sou assim: algumas vezes não me importo, outras já me importo.

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