15.7.10

cannelle



Meus Caros, escrevo para vós com a honra de vos escrever no topo da montanha. São ouvintes excepcionais, escritores, músicos, cineastas, romancistas, críticos, estilistas, actores, malabaristas, ginastas, pintores. São de uma subtileza tão magnífica que me encantam nas palavras, nos próprios blogues, na arte. Têm personalidades próprias dignas de uma singularidade utópica. Sonham, cantam, dançam, imaginam. Dividem o mais fiel dos mundos comigo, o da mente, e estou-vos inteiramente grata por isso. Caríssimos, nunca deixem de (me) escrever, nunca abandonem a doçura das palavras, nem os sonhos que metem nelas, seja quantos forem. Se quiserem ir a Tóquio vão, se quiserem contar histórias a crianças contem, se quiserem fazer mergulho façam, façam tudo "se puder ser, ou até se não puder ser" e vivam, mas nunca se esqueçam de quem são, de quem foram, e por vezes quando a corda estiver bamba assustem-se com o que irão ser. Vão errar, vão magoar(-vos) ou vão vocês magoar alguém, vão chorar, vão sentir dores no peito os as pernas cansadas, vão vomitar as entranhas se preciso for, mas quando chegarem ao topo de qualquer caminho que escolham, independentemente de terem os joelhos esfolados ou não, sentirão que não viveram em vão. Esqueçam éticas, morais, regras, sejam apenas fiéis a uma única coisa; vocês mesmos. Não se desrespeitem, não se menosprezem, não se minimizem. Saberão que não há ninguém mais verdadeiro que cada um de vós dentro de si. Sejam bons, até acharem por bem sê-lo, mas não provoquem o mal. Não lavem a loiça todos os dias, mas não deixem de a lavar. Não andem com os pés apertados em sapatos de verniz, mas ao andarem descalços, cuidado com os vidros. Façam isto, ou outra coisa qualquer, mas nunca se abandonem, nunca percam a verdade, pois serem verdadeiros convosco é serem felizes. O que tiver de ser será, já dizia a minha avó. E se o acaso o permitir, ainda "havemos de atravessar juntos o Letes, que é como sabem, um dos sete rios do inferno."

2 comentários:

  1. Jamais meu amor. Jamais te deixarei de ler ou de te escrever. És tu, a par de outros, que me enchem o coração e me dão um sentido à existência. Nunca te largarei, não haverá longe nem distância que me separem de ti.
    Neste dia de hoje, essas tuas palavras estão a abalar-me o coração mas assim, ficarão decerto muito mais cravadas nele.
    Tentarei ser eu, sempre, minha querida. Da mesma maneira que quero que tu sejas tu, nem que seja na lua, mas quero ainda mais fortemente que eu e tu nunca nos larguemos, seja por palavras, espaços, pontos, virgulas ou olhares.
    És-me um pedaço essencial do mundo, Inês *

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  2. e este texto? hun? que belo. ler isto é... é, nem tenho palavras. estás a ver quando nós já não acreditamos em nós e que tudo corre mal, mas tudo mesmo, quando vemos a nossa vida a fugir por entre as dedos e queremos agarra-la com toda a força e mesmo sabendo que ela vai fugir: todos os dias acordamos cm um sorriso na casa. ás vezes é preciso umas palavrinhas para esse sorriso se manter amanhã e amanhã e no outro dia, e no dia a seguir. e este texto são essas palavrinhas. obrigada meu amor. obrigada.

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