31.5.11

o amor é... chuva

Lisboa, és casa que me acolhe. Embalas-me na mais dura verdade desse sentimento tão lusitano, inexplicável em qualquer outra língua, qualquer outra cultura, qualquer outro brilho no olhar e oco no coração, que não as pobres, as tuas, as nossas, saudades. Da casa, todas as que preservas, das pessoas todas que em ti vivem, dos sorrisos todos que crias. Lisboa, és alma livre, capa negra de um qualquer estudante que em ti brilha, em ti chora, em ti cresce. Lisboa, és mãe de filhos; poetas, pensadores, artistas, quem em ti se inspiram, e qual outra inspiração de qualquer outra parte do mundo, aos teus pés nada vale. Lisboa. Sinto-te a falta como sinto necessidade de respirar, e se o ar é tão podre. Sinto-te uma falta jamais preenchida por nada de outro sítio qualquer, és tu que trago ao peito, eternamente. Quero correr para ti, mas não quero abandonar os calafrios da pele que encontrei, quando as borboletas me voltaram à barriga. Quero-te passear nas entrelinhas, viver contigo os pôr-do-sol mais lindos que vi, quero voltar ao teu cheiro inigualável que me faz tão feliz, mas sinto-me entre duas paredes e quatro espadas. És tu Lisboa a quem eu pertenço, mas vim encontrar aqui almas que me fazem voar. Como hei-de viver sem ti Lisboa? Não, coisa que nunca me há-de passar pela cabeça, mas como hei-de viver sem as borboletas? Fazes-me viver neste paralelismo interdito que nunca se virá a resolver por bem. Não sou de cá, nem nunca os estrangeiros serão teus. Os outros, não te compreendem a essência, tudo o que motivas, tudo o que envolves, tudo quem és. Não Lisboa, eles não te hão-de compreender, não como nós, não como uma criança que em ti brinca, em ti salta, em ti, é feliz. Eles não compreendem, o porquê de te amarmos, mas nós amamos-te em toda a tua forma, com toda a nossa verdade. Existir longe de ti, não, não faz sentido.

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