11.8.11

Um dia contaram-me uma história. Falaram-me de princesas e dragões e castelos e heróis e das lutas que as princesas e os dragões e os heróis enfrentavam para atingir os fins. Hoje, ainda acredito nas princesas e nos dragões e nos heróis e nas intempéries. Vivemos em guerra(s), individuais, colectivas, pessoais, exteriores. Somos princesas, somos dragões e heróis. Somos tudo. Vamos sendo sempre tudo. Somos maus, nobres e vis. Somos assassinos. Mata-mo-nos os sonhos, matamos os dos outros, desconstruirmos os mundos de encantar que fomos criando dentro da cabeça porque de repente vivemos na realidade. Ninguém sabe explicar o que é a realidade, mas sabe-se que vivemos em algo com esse nome. E se a realidade fosse encantada? De certo, continuariam a haver princesas, dragões e heróis. Sou uma princesa, apodrecida. Dentro de um castelo a ruir, com a escada partida, com o encanto dissipado. Destruí o encantamento a mim mesma; iludi os olhos com cor-de-rosa que se torna negro a cada dia. Sou um dragão a cuspir fogo, que mata, que fere, que mói, que corrompe. Verde, com asas, que não sabe voar. Sou um herói sem espada, sem cavalo, sem armadura, sem botas. Luto num contra-vontade da vontade. Num ir e voltar que nunca chegará ao castelo nem salvará ninguém. A história virou já tantas páginas, tantos nomes, tantos lugares, mas a moral continua a mesma; triste, solitária, sem destino.

1 comentário:

  1. pensa antes que estás a deixar de ser princesa para te tornares numa guerreira.

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