Eu sou Portuguesa. E às vezes quando me perguntavam quem
era, erguia a cabeça, com olhar frontal e de sorriso orgulhoso pela terra onde
nasci dizia resplandecente como o sol do sul em Agosto: sou portuguesa! Ao dizer
isto, o coração, pelo peito dentro batia com a adrenalina dos corações que
sabem onde pertencem. Dentro de mim, sentia a pátria, amada, como só os que a
amam a sentem: era portuguesa.
Sou portuguesa e, hoje, quando às vezes me perguntam quem
sou, baixo a cabeça, com olhar triste e o pensamento perdido pelo horizonte que
outros em tempos conquistaram e ao pensar que sou portuguesa, respondo ao invés
e em voz baixa que venho de Portugal. Esse país belo, tão belo que é impossível
explicar mas que vai perdendo a alma todos os dias mais um bocadinho.
Hoje, contínuo a ser portuguesa, há mais de duas décadas que
sou portuguesa. E ao sê-lo hoje, ser isso, que é ser portuguesa, não digo que o
sou. Respondo cabisbaixa que venho de Portugal (como um amor fracassado) um
país que é belo mas que se perdeu por ai, depois das índias.
Hoje, se disser a alguém que sou portuguesa, já não uso um P grande (até esse
já mo tiraram), digo mediocremente que venho de Portugal e, se ao não saberem o
que é Portugal, mo perguntarem, eu respondo com desamor que o perdi, e se o
encontrarem, que o tragam de volta para eu dizer, como em tempos, que sou
Portuguesa com um P tão grande que não mo poderão tirar.
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