16.10.12


Eu sou Portuguesa. E às vezes quando me perguntavam quem era, erguia a cabeça, com olhar frontal e de sorriso orgulhoso pela terra onde nasci dizia resplandecente como o sol do sul em Agosto: sou portuguesa! Ao dizer isto, o coração, pelo peito dentro batia com a adrenalina dos corações que sabem onde pertencem. Dentro de mim, sentia a pátria, amada, como só os que a amam a sentem: era portuguesa.

Sou portuguesa e, hoje, quando às vezes me perguntam quem sou, baixo a cabeça, com olhar triste e o pensamento perdido pelo horizonte que outros em tempos conquistaram e ao pensar que sou portuguesa, respondo ao invés e em voz baixa que venho de Portugal. Esse país belo, tão belo que é impossível explicar mas que vai perdendo a alma todos os dias mais um bocadinho.

Hoje, contínuo a ser portuguesa, há mais de duas décadas que sou portuguesa. E ao sê-lo hoje, ser isso, que é ser portuguesa, não digo que o sou. Respondo cabisbaixa que venho de Portugal (como um amor fracassado) um país que é belo mas que se perdeu por ai, depois das índias. 
Hoje, se disser a alguém que sou portuguesa, já não uso um P grande (até esse já mo tiraram), digo mediocremente que venho de Portugal e, se ao não saberem o que é Portugal, mo perguntarem, eu respondo com desamor que o perdi, e se o encontrarem, que o tragam de volta para eu dizer, como em tempos, que sou Portuguesa com um P tão grande que não mo poderão tirar.  

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