22.1.13

as minhas histórias # 1


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Tu disseste-me para ir: "então vai" disseste tu e eu fui. Fui porque cá dentro palpitava a vontade, aquela que acelera os batimentos do coração quando subo a montanha grande e lá de cima espreito o horizonte. "Então vai, mas vais por tua conta e risco." disseste tu, com aquela esperança acolhedora de quem, perante o medo das palavras, abandonasse o querer. Disse-te que ia. Tu, aceitaste a minha decisão como quem aceita as condições que a vida lhe impõe. Como poderias tê-la refutado? Este palpitar no peito não me deixa. Disse-te que ia, nas condições fracas que tinha, ainda havia sol na minha terra. Disse-te que ia também fazer por ter melhor, que ia tentar e que quem sabe com um bocadinho de sorte, jogos de cintura e alguma magia, as coisas ficavam mais confortáveis. Sorriste-me como quem olha para um sonhador, daqueles que vivem fora da realidade e assentiste com a cabeça. Acreditarias neste plano? O sol foi-se findando na minha terra, vieram as primeiras chuvas, os primeiros ventos, as primeiras noites sem dormir, os primeiros pesadelos, os primeiros ataques de pânico, os primeiros "Oh meu deus, que estarei eu a fazer?!". Sim,  duvidei-me muitas vezes, dei-te razão até. Se calhar isto era demasiado utópico, se calhar não era possível, se calhar... Um dia consegui. Um dia consegui mesmo. Telefonei-te, disse-te "consegui mesmo!" exuberante. Acredito que, no fundo da tua carapaça velha, o sangue quente vibrou-te pelas veias numa explosão de felicidade, ouvi-te sorrir fraternalmente do outro lado da linha e degustei o simples "Boa!" que me disseste. Uma palavra que queria dizer muito mais do que aquelas três pequenas letras. Consegui mesmo, tu viste mesmo que eu consegui e ficaste mesmo feliz. Ultrapassados os típicos avisos sobre os perigos de um mundo mau e vil, de toda a ruindade própria do ser-humano, de uma sociedade que não tem nada de cor-de-rosa, do "põe-te a pau que estes tempos não estão para brincadeiras", e o "não fales com estranhos, tu tens a mania de falar sempre com toda a gente", duas chapadinhas nas costas em sinal de respeito e incentivo, e vejo-me a partir de novo      rumo a um el dorado europeu qualquer. Sei que estarás aí a rir-te com os meus sucessos e a amaldiçoar-me com os meus fracassos, assim é o sal da nossa vida. E se eu não sou só mais  uma portuguesa a partir... 

8 comentários:

  1. Ao tempo que não te lia!
    E que saudades tinha de passar por aqui,
    pra onde foste ? :)
    beijinhos *

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  2. que sortee! Eu adorava, desde pequenina que quero muito ir a Inglaterra, em principio vou este verão a Londres, não sei como é que me vão tirar de lá!

    Nunca mais acabo o curso, também gostava de ir viver para lá :)

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  3. Também acredito nisso, é por isso que todos os dias luto pelo que quero :)
    Estou a tirar Engenharia Civil, mas ainda me faltam 2 anos :( LOL

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  4. e tu, que curso tiraste? (supondo eu)

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  5. Oh foi uma maluquice mesmo lol, até porque diz o secundário em artes |:
    Obrigada, e já agora, boa sorte nesta etapa da tua vida :p

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  6. Oh, meu Deus! Não lia algo assim há já muito tempo. Adorei ler-te e já sou tua seguidora. Voltarei a passar por aqui.

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  7. Estás de partida? Um grande beijinho e parabéns pelo maravilhoso texto, as always ;)

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