23.3.13

E nós Teresa, vamos fazendo piercings, e cortando o cabelo, e chorando e deixando o tempo passar. Porque sabemos que, eventualmente, a dor passa também, passa sempre. Os dias passam, o cabelo cresce, as lágrimas deixam de cair, porque a vida é assim, as feridas curam-se. Mas os piercings vão ficando uns ao lado dos outros, depois olhamos para o nosso corpo, para a nossa pele e cada pedacinho de metal é uma história, é um dia, é uma dor, é uma ferida. Porque os piercings também doem, mas a dor também passa e as feridas também se curam. E depois quando olhamos ao espelho e já não sentimos a dor que a pressão da agulha fez a espetar a nossa carne, quando o piercing já roda bem e já não está agarrado à pele, quando já não deita sangue e já não molesta, ai sabemos que as dores já estão todas doídas, e as lágrimas já estão todas choradas e as histórias já estão enterradas. E ai sim podemos olhar ao espelho e sorrir, sorrir pela cicatrização das nossas histórias bonitas ou feias, na nossa pele. Porque os piercings, como o amor, também doem, mas depois a dor passa e depois é só mesmo isso, piercings bonitos que contam histórias.  

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