23.11.13

morreste-me. 

E eu não tenho um plano infalível para acreditar que já não existes fisicamente. Já não existes fisicamente, mas até onde o meu alcance me permite, ainda acredito que me vais abrir a porta da tua casa quando chegar lá abaixo, ou que ainda te vou contar como vai a minha vida, quando a tua é que merecia ser ouvida.
Foste extraordinária. Talvez a pessoa mais valente com quem tive a honra de coexistir no mesmo espaço e no mesmo tempo.
Foste extraordinária: nada em ti falhou nunca, nem quando nos morreste. 
Nunca ninguém se lembrou de juntar tantas pessoas no cimo do Tejo, a sorrir no embalo de uma despedida, como tu. Suponho que te estiveste a rir, a dançar, e a passar-nos as mãos pelas costas, enquanto dizíamos tonterías.

morreste-nos e nunca mais seremos os mesmos, porque exististe nas nossas vidas. Porque nos mostraste que não existe tempo, que não há limites, que seremos tudo quando nos propusermos a ser, tanto quando aquilo que a vontade nos permita.
morreste-nos mas como sempre foste mais além, ensinaste-nos. A tua vida foi a maior inspiração das nossas vidas e jamais morrerás em nós. Hoje tive certeza disso.
Espero que estejas num lugar melhor, espero mesmo que estejas num lugar melhor, a rir-te, a ser feliz e a seres livre. Espero mesmo que estejas num lugar melhor a fazer tudo o que aqui o teu corpo não to permitiu.
Hoje tive a certeza de em nós serás para sempre, estarás em toda a parte, em cada um de nós.
Agora és energia, onde já antes tinhas sido inspiração. Hoje tive certeza que em nós serás para sempre, dure o sempre o tempo que durar.
morreste-nos mas ninguém te deixará morrer em parte nenhuma.
Nós continuaremos aqui, a chorar e a sorrir, porque somos mariquinhas. Mas tu és força, e és por fim livre, agora voa. 

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