Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva. Creio-me portanto, como português, com o direito de exigir uma pátria que me mereça. Isto quer dizer: eu sou português e quero portanto que Portugal seja a minha pátria.
Eu não tenho culpa nenhuma de ser português, mas sinto a força para não ter, como vós outros, a cobardia de deixar apodrecer a pátria.
Portugal é um país de fracos. Portugal é um país decadente: Porque a indiferença absorveu o patriotismo.
Nós vivemos numa pátria onde a tentativa democrática se compromete quotidianamente. A missão da República portuguesa já estava cumprida desde antes do 5 de Outubro: mostrar a decadência da raça. Foi sem dúvida a República portuguesa que provou conscientemente a todos os cérebros a ruína da nossa raça.
Dispensai os velhos que vos aconselham para vosso bem e atirai-vos independentes prá sublime brutalidade da vida. Criai a vossa experiência e sereis os maiores.
Porque o sentimento-síntese do povo português é a saudade e a saudade é uma nostalgia mórbida dos temperamentos esgotados e doentes. O fado, manifestação popular da arte nacional, traduz apenas esse sentimento-síntese. A saudade prejudica a raça tanto no seu sentido atávico porque é decadência, como pelo seu sentido adquirido definha e estiola.
Porque Portugal não tem ódios, e uma raça sem ódios é uma raça desvirilizada porque sendo o ódio o mais humano dos sentimentos é ao mesmo tempo uma consequência do domínio da vontade, portanto uma virtude consciente. O ódio é o resultado da fé e sem fé não há força. A fé, no seu grande significado, é o limite consciente e premeditado daquele que dispõe de uma razão.
Porque Portugal quando não é um país de vadios é um país de amadores.
A fé da profissão, isto é, o segredo do triunfo dos povos, é absolutamente alheio ao organismo português do que resulta esta contínua atmosfera de tédio que transborda de qualquer resignação. Também o português não sente a necessidade da arte como não sente a necessidade de lavar os pés.
E a Literatura com todo o seu gramatical piegas e salista, diverte mais as visitas do que a necessidade de não ser ignorante. Daqui a miséria moral que transparece em todas as manifestações da vida nacional e em todos os aspectos da vida particular.
Porque Portugal a dormir desde Camões ainda não sabe o novo significado das palavras. A palavra aventura perdeu todo o seu sentido romântico, e ganhou em valor afectivo. Aventura hoje em dia, quer dizer: O Mérito de tentativa industrial, comercial ou artística.
O português, como os decadentes, só conhece os sentimentos passivos: a resignação, o fatalismo, a indolência, o medo do perigo, o servilismo, a timidez, e até a inversão.
Quando é viril manifesta-se instintivamente animal a par do seu analfabetismo primitivamente anti-higiénico.
Para criar a pátria portuguesa do século XX não são necessárias fórmulas nem teorias; existe apenas uma imposição urgente: Se sois homens sede Homens, se sois mulheres sede Mulheres da vossa época.
Vós, ó portugueses da minha geração, que, como eu, não tendes culpa nenhuma de serdes portugueses.
Insultai o perigo.
Atirai-vos prá glória da aventura.
Desejai o record.
Dispensai as pacíficas e coxas recompensas da longevidade.
Divinizai o orgulho.
Rezai a Luxúria.
Fazei predominar os sentimentos fortes sobre os agradáveis.
Tende a arrogância dos sãos e dos completos.
Fazei a apologia da Força e da Inteligência.
Fazei despertar o cérebro espontaneamente genial da Raça Latina.
Tentai vós mesmos o Homem Definitivo.
Abandonai os políticos de todas as opiniões: o patriotismo condicional degenera e suja; o patriotismo desinteressado glorifica e lava.
Gritai nas razões das vossas existências que tendes direito a uma pátria civilizada.
Aproveitai sobretudo este momento único em que a guerra da Europa vos convida a entrardes prá Civilização.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades.
Almada Negreiros
Eu não tenho culpa nenhuma de ser português, mas sinto a força para não ter, como vós outros, a cobardia de deixar apodrecer a pátria.
Portugal é um país de fracos. Portugal é um país decadente: Porque a indiferença absorveu o patriotismo.
Nós vivemos numa pátria onde a tentativa democrática se compromete quotidianamente. A missão da República portuguesa já estava cumprida desde antes do 5 de Outubro: mostrar a decadência da raça. Foi sem dúvida a República portuguesa que provou conscientemente a todos os cérebros a ruína da nossa raça.
Dispensai os velhos que vos aconselham para vosso bem e atirai-vos independentes prá sublime brutalidade da vida. Criai a vossa experiência e sereis os maiores.
Porque o sentimento-síntese do povo português é a saudade e a saudade é uma nostalgia mórbida dos temperamentos esgotados e doentes. O fado, manifestação popular da arte nacional, traduz apenas esse sentimento-síntese. A saudade prejudica a raça tanto no seu sentido atávico porque é decadência, como pelo seu sentido adquirido definha e estiola.
Porque Portugal não tem ódios, e uma raça sem ódios é uma raça desvirilizada porque sendo o ódio o mais humano dos sentimentos é ao mesmo tempo uma consequência do domínio da vontade, portanto uma virtude consciente. O ódio é o resultado da fé e sem fé não há força. A fé, no seu grande significado, é o limite consciente e premeditado daquele que dispõe de uma razão.
Porque Portugal quando não é um país de vadios é um país de amadores.
A fé da profissão, isto é, o segredo do triunfo dos povos, é absolutamente alheio ao organismo português do que resulta esta contínua atmosfera de tédio que transborda de qualquer resignação. Também o português não sente a necessidade da arte como não sente a necessidade de lavar os pés.
E a Literatura com todo o seu gramatical piegas e salista, diverte mais as visitas do que a necessidade de não ser ignorante. Daqui a miséria moral que transparece em todas as manifestações da vida nacional e em todos os aspectos da vida particular.
Porque Portugal a dormir desde Camões ainda não sabe o novo significado das palavras. A palavra aventura perdeu todo o seu sentido romântico, e ganhou em valor afectivo. Aventura hoje em dia, quer dizer: O Mérito de tentativa industrial, comercial ou artística.
O português, como os decadentes, só conhece os sentimentos passivos: a resignação, o fatalismo, a indolência, o medo do perigo, o servilismo, a timidez, e até a inversão.
Quando é viril manifesta-se instintivamente animal a par do seu analfabetismo primitivamente anti-higiénico.
Para criar a pátria portuguesa do século XX não são necessárias fórmulas nem teorias; existe apenas uma imposição urgente: Se sois homens sede Homens, se sois mulheres sede Mulheres da vossa época.
Vós, ó portugueses da minha geração, que, como eu, não tendes culpa nenhuma de serdes portugueses.
Insultai o perigo.
Atirai-vos prá glória da aventura.
Desejai o record.
Dispensai as pacíficas e coxas recompensas da longevidade.
Divinizai o orgulho.
Rezai a Luxúria.
Fazei predominar os sentimentos fortes sobre os agradáveis.
Tende a arrogância dos sãos e dos completos.
Fazei a apologia da Força e da Inteligência.
Fazei despertar o cérebro espontaneamente genial da Raça Latina.
Tentai vós mesmos o Homem Definitivo.
Abandonai os políticos de todas as opiniões: o patriotismo condicional degenera e suja; o patriotismo desinteressado glorifica e lava.
Gritai nas razões das vossas existências que tendes direito a uma pátria civilizada.
Aproveitai sobretudo este momento único em que a guerra da Europa vos convida a entrardes prá Civilização.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades.
Almada Negreiros
(Obama ganha eleições nos Estados Unidos, a minha pergunta é simples: O primeiro presidente de raça negra na América conseguirá mudar um mundo tão capitalista quanto insensível como este se tem demonstrado? Ou iremos todos envergar por outro ciclo vicioso?)
"iremos todos envergar por outro ciclo vicioso" respondendo á tua pergunta.
ResponderEliminarya eu sou bué negativa, ahaha.. mas nao acredito que este mundo vá mudar, se o Al Gore tivesse ganho da outra vez, secalhar, o mundo até podia mudar um bocadinho.
beijoooooo*
E faz lembrar a música dos Deolinda: "Movimento Perpétuo Associativo"!
ResponderEliminarAproveito para deixar aqui a letra:
Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!
Agora não, que é hora do almoço...
Agora não, que é hora do jantar...
Agora não, que eu acho que não posso...
Amanhã vou trabalhar...
Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos vencer!
Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...
Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, é esta a direcção!
Agora não, que falta um impresso...
Agora não, que o meu pai não quer...
Agora não, que há engarrafamentos...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Acho que diz bastante! O Português há muito que vive das velhas glórias, sem notar que o país de agora é um país balofo e incapaz de acompanhar os desafios globais das novas eras (e se me perguntarem a mim o problema disto tudo vem das nossas tão aclamadas descobertas; foram elas a meu ver a causa da nossa perdição)! Por isso sabes que eu defendo os extremismos e os meios termos enojam-me ... fazem falta mais pessoas que sintam visceralmente as pequenas coisas do dia a dia, porque o deixa andar é para meninos e a revolução está ao alcance de cada um de nós: basta querermos!
Quanto à questão final, o Obama é um Homem, com tudo o que de bom e de mau isso tem! As suas políticas serão condicionadas por inúmeras variantes, entre elas a actual crise financeira e os poderes já estabelecidos na América! No entanto creio que ele poderá fazer a diferença em questões como Ambiente e Politica Externa ...
mesmo que assim não seja, creio que a vitória de um afro-americano nas eleições americanas é por si um evento de enormes proporções!
«Rosa Parks sentou-se para Martin Luther King poder andar. Martin Luther King andou para Obama poder correr. Obama está a correr para nós podermos voar» (Jay-Z).
Nada vai mudar, porque não é na Casa Branca que se muda as coisas.
ResponderEliminarOs presidentes são meras marionetas, do Governo Invisível.
Perguntas tu o que é o Governo Invisível? Explico-te depois, talvez até já saibas, talvez não.
As coisas que se passam, não se passam como sabemos, passam-se sem sabermos, logo acho que o Obama vai ser mais uma tentativa de revolucionário falhado, esperemos que não seja assim, que mude então as coisas para bem melhor...
Amei o conteúdo do teu blog, beijinhos inês*