17.6.10

as gaivotas voam livres


A costureira dizia-lhe sempre, o que tiver de acontecer, acontecerá. E tudo tem propósitos. Ela chorou durante sete dias e sete noites pelo sangue dos outros, ao sétimo dia parou e num acto de coragem levantou-se da cama e enfrentou o horizonte. Sentiu raiva, pelas cores que apresentava, maldito horizonte que nunca há-de chegar pensou. E depois sorriu, que vil és e, que belo. Vestiu-se e pegou no coração, havia caído da janela há bem pouco tempo e estava agora dividido em mil pedaços. Caminhou com o coração desfeito e chegou à praia. Abandonou os malditos sapatos vermelhos que tanta dor lhe causavam e assim que os seus pés tocaram na areia sentiu-se livre. Não para sempre, mas durante aquele instante. Caminhou até onde a àgua se fundia com a areia e lá ficou, olhando o horizonte e esperando que o vento lhe acalmasse a alma, afinal, ela não tinha pressa de viver.

3 comentários:

  1. está simplesmente delicioso. e a conjugação imagem-texto, muito boa. *

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  2. maaa lovee ! sempre que precisares prajaaa :)

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  3. nunca devemos ter pressa de viver eu acho. ela já passa a correr se ainda tivermos pressa não a desfrutamos.

    :')*

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